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Nenhum Projeto de Fundações é “imexível”

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No ano de 1991, em um artigo técnico publicado pelo Engº Luciano Décourt no SEFE II (Seminário de Engenharia de Fundações Especiais), em determinado momento houve o registro da seguinte expressão:

“Nenhum projeto de fundações é imexível”.

Anos depois, em 2008 no SEFE VI (Seminário de Engenharia de Fundações Especiais), o mesmo engenheiro publicou outra expressão, que dizia basicamente o seguinte:

“Na Engenharia Geotécnica, assim como em qualquer área do conhecimento humano, qualquer que seja o assunto, há muito mais controvérsias do que consenso. Especificamente na Engenharia de Fundações, não há consenso sobre praticamente nada. ”

A Engenharia Geotécnica, em particular a parte que lida diretamente com as fundações de estruturas, embora para muitos seja considerada uma ciência exata, pelo simples fato de estar intimamente ligada à Engenharia Civil, apresenta uma série de nuances, muitas vezes sutis e até de difícil percepção, que remetem obrigatoriamente à experiência pessoal e profissional (expertise), ou ainda em conjunto, ao “feeling” ou, em outras palavras, à intuição, ao pressentimento. Voltando à questão inicial, de uma maneira geral e simplificada, considera-se ciência, um determinado campo de estudos e pesquisas de várias matérias, abrindo os limites do conhecimento já existentes para abranger as visões das diversidades em diversas áreas. No caso especifico das ciências ditas exatas, esse conceito nasceu na Europa Ocidental no início do século XVII, considerando um campo mais restrito ou previamente definido, onde tudo é direcionado à capacidade de expressões quantitativas, predições precisas e métodos rigorosos de testar hipóteses, especialmente quando envolve medições e predições quantitativas. Baseia-se sempre na observação aprofundada dentro de um quadro temático restrito ou previamente definido, uma abordagem simples e progressiva da modelização e, sobretudo, do uso sistemático de uma lógica reducionista no sentido de manter apenas os dados e leis necessários e suficientes para explicar os fenômenos preliminarmente observados. Sob esse contexto e mais especificamente, vejamos o que diz a Norma Técnica ABNT NBR-6122/2019 (Projeto e Execução de Fundações) sobre essa questão, o que se encontra abordado preliminarmente, na abertura, logo no inicio da mesma, no parágrafo 3º do Item 1 (página 1), ou seja, lá está registrada a seguinte frase:

Imagem de SOTEF Engenharia“NOTA 1: Reconhecendo que a Engenharia de Fundações não é uma ciência exata e que riscos são inerentes a toda e qualquer atividade que envolva fenômenos ou materiais da natureza, os critérios e procedimentos constantes nesta Norma procuram traduzir o equilíbrio entre condicionantes técnicos, econômicos e de segurança, usualmente aceitos pela sociedade na data da sua publicação. Nos projetos civis que envolvem mecânica dos solos e mecânica das rochas, o profissional habilitado com notória competência é o profissional capacitado a dar tratamento numérico ao equilíbrio mencionado.”

Imagem de SOTEF EngenhariaSob esse contexto, há de se pressupor que, se a própria Norma Técnica que serve de parâmetro e embasamento legal para nortear o meio técnico quanto aos procedimentos para projetos e execução de fundações, considera tal linha de raciocínio, há então de se considerar que em Engenharia de Fundações, a performance de bons Softwares e equipamentos de última geração jamais se sobreporão à experiência pessoal e profissional e à presença de espirito dos profissionais envolvidos, quer seja na fase de projeto, quer seja na fase de execução.

Imagem de SOTEF EngenhariaEm síntese, bons projetos estão sempre associados à boas ideias e estas requerem sempre “pitadas” de bom senso e criatividade, estando sempre associadas à inventividade, à experiência, à inteligência e ao talento, natos ou adquiridos, para criar, inventar e inovar em qualquer campo da atividade humana. Particularmente em Engenharia de Fundações, preponderará sempre a experiência quanto a essa questão. Em sendo assim, há de se pressupor que cada projeto de fundações tem particularidades especificas, cujas características técnicas e geotécnicas norteiam sua análise e concepção, porém nenhum projeto de fundações pode ser considerado singular, ou seja, único, exclusivo.

Imagem de SOTEF EngenhariaEmbora cada projeto realmente tenha suas próprias particularidades e, de certa forma represente “a marca registrada” de quem o idealizou, deve-se observar que, para cada obra sempre poderá haver inúmeras outras soluções técnicas de engenharia que, igualmente possam ser concebidas através de outras tantas “pitadas” de bom senso e criatividade, e associadas à inventividade, à experiência, à inteligência e ao talento de inúmeros outros profissionais. É justamente sob tal situação que uma série de entraves por vezes surgem, pois que, não raramente, quem idealiza determinado projeto, se julga inquestionável e sendo assim, o que idealizou passa a caracterizar-se como “imexível”. As razões para tal comportamento são diversas e vão desde questões meramente comerciais, pois que, revisões de projetos denotam tempo e horas técnicas de reanálise, e isso em geral custa algo mais em termos financeiros, porém nem sempre os clientes entendem que devam pagar algo mais por isso, mesmo que lhes resulte em benefícios, até mesmo egocentrismos e vaidades diversas e de todas as partes envolvidas, sem exceção. Eis que então, passemos a refletir:

“...quando ocorre o desabamento de um prédio fica-se logo especulando se o problema foi na fundação ou na parte desenterrada da estrutura e se a culpa foi da carga de projeto, da execução ou do material de construção. Não se questiona porque os engenheiros civis especialistas em estruturas, geotecnia e fundações e os geólogos especialistas em geologia da engenharia, não trabalharam em equipe na obra”.

Autor: Engº Nelson Aoki (Reflexões Sobre a Prática de Fundações no Brasil – USP São Carlos / 2.000).

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Na verdade, todas essas questões deveriam fluir naturalmente entre todas as partes envolvidas, sempre havendo mais diálogos, reuniões e desprovimento de egocentrismos e vaidades em benefício de um objetivo coletivo, que seria o resultado final alcançado pelo trabalho em equipe. Da mesma maneira que existem muitos calculistas estruturais e projetistas de fundações comprovadamente experientes, criativos e capazes, também existem em igual teor e valor, excelentes profissionais que executam obras de fundações por toda uma vida, cujo currículo alcançado ao longo dos anos lhes credência com louvor a também opinar quando solicitados. E por que não o fazer? Não se trata de uma questão de ética ou falta dela, e sim de exposição de determinado ponto de vista em prol de um objetivo que deveria ser comum. Falta de ética seria assim proceder às escusas, de forma sorrateira e à busca de interesses distintos daqueles que traria algum benefício técnico ou comercial à obra. Falta de ética seria enxergar algo que pudesse trazer algum benefício e não conflitasse com nenhuma Norma Técnica e omitir-se de emitir sua opinião profissional quando solicitado a fazê-lo.

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NENHUM PROJETO DE FUNDAÇÕES É “IMEXIVEL”, BASTA HAVER BOM SENSO E INTERESSE

PARA REFLEXÃO

FICA A DICA!!!

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